O Enigma da Pantera - Capítulo 3 - Parte 01
CAPÍTULO 3
APRESENTAÇÕES
O automóvel vermelho parou diante da fazenda de Ricardo Linhares. Após abrir a porta do motorista, uma bela mulher surgiu. Sentado numa cadeira na varanda, ele a observou com curiosidade enquanto ela se aproximava. Tinha cerca de vinte e seis anos, pele muito clara. Usava uma calça branca e uma blusa amarela que combinava com os compridos cabelos loiros. Eram oito horas de uma esplêndida manhã de um sábado. A aparência dela trouxe-lhe à mente uma outra pessoa.
Então, logo, uma saudade apertou-lhe o coração. Já próximo a ele, ela o cumprimentou com entusiasmo. Entretanto, no sotaque de sua voz feminina, havia algo de diferente.
Ele se levantou e a cumprimentou com um afável aperto de mão.
"Bom dia, moça, seja bem-vinda à minha fazenda."
Ela se acomodou numa cadeira de frente para ele. Observando-o discretamente, calculou que tinha cerca de sessenta anos. Apesar das marcas do tempo em seu rosto, ele ainda conservava muito da beleza e do charme de sua distante juventude, algo que a deixou admirada.
"Estava ansiosa para conhecê-la, Sr. Ricardo."
"Então, você é a moça que o Dr. Roberto me indicou?"
"Sim, o meu nome é Catherine. Sou jornalista e escritora."
"Você fala bem o português; mas com certeza não é brasileira."
Ela sorriu.
"O sotaque é bem diferente, hein?" É, não sou daqui. Nasci nos Estados Unidos. Entretanto, venho muito ao Brasil. E, aos poucos, vou me familiarizando com o idioma."
"Sobre o que exatamente escreve, moça?"
"Escrevo romances, porém, analiso e pesquiso a relação entre o real e a fantasia."
"Você acredita no sobrenatural?" Perguntou ele.
"Ela apontou para o sol brilhando no céu azul."
"Lindo e extraordinário!... No entanto, está a milhões de quilômetros da Terra. Para mim, é sobrenatural, pois não foi feito pelas mãos do homem... "O senhor me compreende?"
Ele afastou o olhar do sol e fixou-se nela outra vez.
"Catherine, você é uma moça sensível e inteligente, além de ser muito bonita também!"
Ela sorriu, envaidecida.
"Obrigada pelo elogio, Sr. Ricardo."
Então, com uma expressão mais séria, ele começou a falar:
"E é a pessoa certa para colocar no papel a emocionante história que vou narrar."
Ansiosa, ela disse:
"Trouxe comigo esta pequena câmera, com a qual registrarei a narrativa."
"Mas será que vou ficar bem no vídeo?" Brincou ele, ajeitando as golas da camisa.
"Os galãs de cinema ficariam com inveja," respondeu ela.
"Sabe, Catherine?" Ocorreu-me uma ideia. Se você concordar, poderíamos dar um passeio pela região, assim você sentiria a minha história com maior intensidade."
"Eu acho uma ótima ideia. Quero também aproveitar a oportunidade para filmar a paisagem, que é deslumbrante!" Logo, dentro de uma caminhonete, eles percorriam uma estrada. Pararam por diversas vezes para apreciar melhor a paisagem.
A moça filmou as serras, as grutas e a vegetação com os seus inúmeros detalhes. No entanto, ficara encantada com o lajeado, riacho que abrange todo o vale do lajeado. Com águas velozes, transparentes e muito límpidas, corre ruidoso em seu leito. Todavia, em alguns trechos, nos quais o relevo torna-se muito irregular devido à proximidade das serras, formam-se magníficas cascatas e cachoeiras.
Sentada à sombra de uma árvore, Catherine fixou a lente da câmera nas cascatas a cerca de oito metros adiante. O ruído delicioso de água e uma brisa suave causavam-lhes uma sensação indescritível de prazer. Sentado ao lado dela, Ricardo Linhares comentava:
"Considero este local como um dos mais lindos desta região. Minha falecida esposa e eu costumávamos passar horas aqui. Sinto uma paz neste lugar... algo que... ameniza a minha dor!" Na voz dele, havia um quê de nostalgia e tristeza profunda.
Ela percebeu. Desligando a câmera, voltou-se a ele:
"Eu sinto muito, Sr. Ricardo. Eu perdi a minha mãe há alguns anos, e sei o que significa a dor da perda. No entanto, sei que ela está feliz, em um lugar sem dor, tristeza ou qualquer limitação que esta vida impõe a nós. Um dia me encontrarei com ela. E tenho certeza, também, de que o Sr. verá novamente a sua amada esposa."
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