Maldição Medieval - Capítulo 2- Parte 01

 






**CAPÍTULO 2 - Parte 01**

**O CASTELO**

Em tempos de paz, quando não havia guerras entre o reino de Blachi e povos inimigos de outras regiões, os senhores feudais se confraternizavam. Então, um determinado castelo era escolhido para se fazer uma festa. As vozes, risadas e músicas eram ouvidas a uma boa distância em torno do castelo. 

Bebidas fortes e mesa farta não faltavam. Em tais festas, era evidente o contraste entre as classes abastadas e os camponeses, que não participavam desses eventos como convidados, mas sim como serviçais da nobreza.

A grossa porta de madeira ressoou com as batidas fortes. Os corpos nus entrelaçados continuaram se movendo no ato sexual. Porém, as batidas continuavam, acompanhadas por uma voz feminina.

“O que queres de mim, minha mãe?” Exclamou um rapaz de barba ruiva. Então, após pedir para que ela aguardasse, vestiu-se e entreabriu a porta, mostrando apenas o rosto.

A senhora feudal quase o derrubou ao forçar a porta. Olhou com superioridade e arrogância para a moça despida sobre a cama e ordenou:
“Veste-te e sai!”

“Como darei a ti um neto... ou uma neta?” Perguntou ele, rindo alto e se divertindo com a situação.
“Netos!? Jamais dividirei minha herança e minha nobreza com vassalos.”

Era comum naqueles tempos sombrios do feudalismo e início da Idade Média o acobertamento do aborto, desde que fosse praticado pela nobreza. Então, a nobreza comprava indulgências, os pecados eram perdoados e o sistema religioso ficava mais próspero e não era afetado ou questionado.

A senhora feudal explicou para o filho que estava preocupada com Lana. Já estava 
escuro e ela já deveria estar no castelo.

“Não te preocupe, minha mãe, retornarei com Lana em breve.”
Apesar da raiva e de ter o seu prazer interrompido, ele saiu pronto para cumprir a missão.

Ela caminhou em direção a uma grande janela, da qual podia ter uma ampla visão da bela paisagem em torno do castelo. O coração de mãe estava apertado e não descansaria enquanto não tivesse a filha nos braços.

Seria o sexto sentido que as mulheres possuem? A intuição feminina poderia detectar algo que já aconteceu ou que viria a ocorrer? Mas o fato é que a senhora feudal sentia algo que ela não conseguia explicar. 

Girou o corpo para um canto do quarto no qual havia uma estátua de uma divindade feminina. Ajoelhou-se e implorou por proteção à sua querida filha.

Mas, como dizem os escritos sagrados: “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há no céu ou na Terra” (Êxodo 20:4). “Não te encurvarás a elas nem as servirás” (Êxodo 20:5). Fica mais do que evidente que Deus quer prioridade máxima. A sua glória não pode ser dividida.

Alguém neste mundo ou no céu ousou ser igual a ele. Houve rebelião e a terça parte das estrelas (anjos ou demônios) seguiu o líder. A inveja e a cobiça são sentimentos malignos que proliferam neste mundo. 

Muitas vezes, quem procede assim, perseguindo o seu próximo sem nenhum motivo, se assemelha ao príncipe das trevas.

Ao sair do castelo, o filho da senhora feudal e mais dois homens percorreram a cavalo cerca de cinco quilômetros. Ele sabia que Lana gostava de passear próximo às cascatas.

 Lá, certamente, ele imaginava que a encontraria. Só não conseguia entender o porquê do atraso da irmã. Logo ela, que gostava tanto das festas e de encontrar parentes e amigos.

Ele também estava ciente de qual sentinela acompanhava Lana durante o passeio. Ao chegarem, as vozes dos homens ecoaram chamando o nome dela e também do guarda. 

A preocupação refletiu no semblante do irmão. Então, deu ordens para se dividirem. Cada um foi para uma direção.

Em determinado trecho, um deles viu uma túnica vermelha com mangas longas e capuz. Percebeu logo que se tratava de partes da indumentária de Lana.

 Seguindo mais adiante, entre as árvores do bosque que margeavam o lago, viu um vestido branco tingido de sangue... e quando olhou para o lado oposto...

“Meu senhor!” Gritou.
O filho do senhor feudal ficou transtornado ao se aproximar do corpo. Não se conteve e ajoelhou-se ao lado da irmã. A dor foi tão intensa que gritou. Além das marcas de dentes em algumas partes, Lana havia sido decapitada.



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