O Enigma da Pantera - Capítulo 1 Parte 02


 

O riacho, que todos os moradores da região o apelidavam de lajeado, refletia,como se fosse um espelho, os raios lunares; algo que provocava um efeito visual belíssimo em sua água rápida e ruidosa. Com os olhos fixos na água, João exclamou: --- Fisguei mais um!... Com rápidos e hábeis movimentos, recolheu a linha. A vítima da vez, um peixe dourado, procurava se libertar do anzol. 

Mas, após alguns segundos, era tirado da água. Seu algoz sorria:

"É, meu amigo, te fisguei pra valer!" 

Nas mãos, sentia as escamas úmidas e viscosas.  

"Bem, já temos bastante peixe... Vamos nos juntar a Luís?"  Disse Francisco. O outro sorriu dizendo: 

 "Não precisa dizer duas vezes, parceiro."  

 "Então, o que estamos esperando?" Apressou-se Francisco fazendo menção de ir para o local no qual se encontrava Luís. Quando, então, se afastaram das margens do lajeado começando a penetrar no mato, que os cobriu parcialmente, ouviram um grito partindo do acampamento. 

Por um instante, ficaram perplexos. Depois, precipitaramse correndo para lá. Porém, quando chegaram ao local, estacaram assustados. Diante deles, estendido no chão, a cerca de dois metros da pequena fogueira, podia se ver Luís, ou melhor, o que sobrara dele. Pois estava desfigurado. Havia sangue por toda parte também. 

"O que será que aconteceu, João?" Perguntou Francisco, com os olhos arregalados refletindo medo. Muito pálido e suando frio, girava o corpo ao mesmo tempo lançando um olhar inquiridor para as sombras das árvores circundantes.

João, por sua vez, puxou da cintura um longo e afiado punhal. Sem olhar para o apavorado amigo, falou: 

"Não sei... Mas, algo matou o nosso pobre amigo... e tá aí escondido no mato nos espreitando."

 "Então, vamos dar o fora daqui!" Exclamou Francisco, fazendo menção de ir ao local dos cavalos. Mas... algo inusitado ocorreu: um som alto se elevou na noite ecoando e fazendo se ouvir à centenas de metros do ponto de onde partira. 

Os cavalos, que já estavam agitados e nervosos, ficaram histéricos. Com os olhos arregalados, as narinas infladas; relinchavam erguendo as patas dianteiras: pressentiam uma ameaça. João, num relance, vislumbrou algo se movendo atrás das árvores. Segurou o braço do companheiro: 

"Vi alguma coisa no mato!" Ainda paralisado de medo pelo som que ouvira a instantes atrás; trêmulo, o outro disse à meia- voz:  

"João, não estou gostando disso... O que vamos fazer?"  

O outro respondeu: 

"Não nos resta outra saída. Temos que alcançar os cavalos!"  

Assim, esforçando-se para superar o medo, recomeçaram a andar na direção dos cavalos. Contornando algumas árvores, chegaram ao local dos animais, os quais demonstravam estar mais calmos. 

"Vamos embora, João; agora!" 

Gritou Francisco montando em um dos cavalos. João relanceou um último olhar para os lados. Depois, enfiou o punhal na bainha e montou em seu cavalo. 

Mas, quando já saíam em veloz galope, ouviu um grito atrás de si. Parou o cavalo imediatamente. Voltou-se e... No chão, estava o amigo Francisco... e em cima dele rosnando, divisou algo.Tratava-se de um enorme felino negro. 

O rapaz fez menção para ajudar o amigo, porem, em frações de  segundos, percebeu que já era tarde demais... Francisco já estava dilacerado em meio a muito sangue. O animal então se virou. 

Seus olhos refletiam a luz da lua. Preparava um salto para alcançar sua próxima vítima, mas não teve sorte.Tudo fora muito rápido, entretanto, segundos que duraram uma “eternidade.” João deu um vigoroso puxão nas rédeas do cavalo para o lado e escapou por um triz. Ao vê-lo fugir, o animal enfiou-se pelo mato. 

Como se racionasse, movia-se através de atalhos. O rapaz, ao mesmo tempo, fustigava o cavalo a todo galope por uma trilha para fugir. Tinha a intenção de alcançar uma ponte que se situava a cerca de quatrocentos metros de onde ele e seus pobres amigos pescavam. Em outras direções, era só trecho de serra. Atravessando-a, conseguiria, talvez, safar-se. 

Todavia, quando já concluía a descida de uma ladeira, a qual dava acesso ao riacho; de um barranco próximo, um vulto se projetou barrando a passagem do cavalo. Assustado, o animal ergueu as patas dianteiras relinchando. João desequilibrou-se e caiu da sela. 

Naquele instante, sentiu-se perdido! Pois o seu cavalo, 'veículo' da salvação... já fugia galopando ao longe pela margem úmida do lajeado. Quando se ergueu, sentiu um tremor como se fosse um choque a percorrer-lhe todo o corpo. 

A três passos a sua frente, ele viu uma vez mais a pantera negra. Contemplava-o com seus olhos felinos os quais brilhavam misteriosamente sob a claridade tênue da lua cheia. Parecia zombar de sua presa. 

 Assim, estáticos, eles se fitavam. Trêmulo e muito pálido, João pressentia que sua morte estava próxima. Fugir?... Seria impossível! Então, aflito, levou a mão à cintura para puxar da faca... Foi seu último gesto!... 

Pois, em um piscar de olhos, ele já sentia o hálito quente, as garras e as presas da pantera. No alto, uma bela lua cheia continuava a brilhar. Mas embaixo, o sangue de João tingiu a água do riacho a qual se renovava constantemente devido à forte correnteza.

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