O Enigma da Pantera - Capítulo 2 - Parte 01
O Vale do Lajeado
No dia seguinte, reaparecia por trás das serras o sol. Então, o Vale do Lajeado se tornava visível mais uma vez: era o amanhecer de um novo dia. Para qualquer direção que se olhasse, podia se ver o verde vivo da bela paisagem com as serras cobertas de verdejante vegetação.
Podia se sentir um frescor gostoso, o perfume das flores e do mato no ar. O orvalho ainda umedecia a relva, e a vida nas fazendas ao poucos ia retomando o seu ritmo habitual. Sentado à cerca do imenso curral de sua fazenda, José Pires, um dos mais ricos fazendeiros da região, observava um pequeno grupo de homens lidando com o gado.
Dava-lhes ordens em voz alta a qual se misturava aos berros potentes dos animais. Levantar-se cedo para administrar a sua propriedade, era um hábito prazeroso. Tinha cerca de sessenta anos, porém, a vontade e disposição de um rapaz de vinte. Olhava para o interior do curral, quando sentiu um leve toque no ombro. Girou a cabeça para ver quem era, depois disse:
" O que faz aqui tão cedo, filha? A bela moça sorriu. E respondeu:
"Vou cavalgar um pouco, papai."
"E a sua mãe... já acordou? "
"Sim. Está nos esperando para o café."
Simplesmente encantadora, mas a simpatia que havia nela era algo incomparável. José Pires e sua família moravam numa aconchegante e espaçosa casa de dois andares em sua fazenda. Era uma espécie de sobrado com cômodos em cima e embaixo. Na parte inferior, podia se ver uma varanda que abrangia toda a frente e uma lateral.
Próximas a ela havia várias árvores plantadas estrategicamente para arborizar o local, o que ajudava a amenizar um pouco o forte calor do cerrado. Podia se divisar ao fundo da casa, a qual se situava paralelamente ao curral, um extenso e verdejante pomar com diversas árvores frutíferas. Um pouco mais além, podia se avistar ao longe um gigantesco “tapete verde”: eram as pastagens de ótima qualidade que ali cresciam para alimentar e nutrir o gado robusto e numeroso de José Pires.
Galgando a cerca de tábuas, ela sentou-se ao lado dele. Usava uma calça jeans desbotada que se ajustava perfeitamente em seu lindo corpo bem torneado; botas pretas e compridas. Na na cabeça, via-se um chapéu branco de couro combinando com a blusa de mesma cor.
Olhando para as serras ao longe, as quais podiam ser vistas de qualquer ponto da fazenda, ela falou:
"Senti imensa saudade daqui."
"Não foi nada fácil, hein?"
"Eu contava os dias, papai. Mas, felizmente me formei."
"Eu a compreendo, filha. Sei o quanto você ama esta região." Ela balançou a cabeça.
"Sim; muito! O cheiro do mato, das flores e dos animais. O ar daqui é renovador!"
Dizia ela erguendo a cabeça e aspirando o ar fresco. O curral aos poucos ia ficando vazio, com exceção de algumas vacas leiteiras e sua crias que ainda permaneciam por ordem de José Pires. Seus empregados abriam as porteiras e tangiam o gado.
Os animais, então, saíam rumo às pastagens. Enquanto José Pires e sua filha conversavam, alguém se aproximou para lhe dar um recado.
Seu José Pires, o delegado Raul tá lá na casa e quer falar com o senhor. Após dar algumas instruções aos empregados, ele desceu da cerca e dirigiu-se à sua residência sendo seguido por Bruna.
Um homem gordo e baixo ,aparentando uns cinquenta anos, o esperava sentado numa cadeira na varanda. Ao vê-lo, José Pires o saudou:
"Bom dia, Dr. Raul! Afinal, que ventos trazem o Sr. a minha fazenda?" Ele levantou-se para cumprimentar José Pires e sua filha.
"Sr. José Pires, o Luís, aquele jovem que trabalha em sua fazenda; pode me dizer se ele veio trabalhar hoje?"
Surpreso com a pergunta, ele respondeu:
" Não; hoje ele não veio." Com uma expressão grave em seu rosto redondo, o delegado afirmou:
" E não virá mais, caso se confirme algo de que tenho quase certeza." O fazendeiro e sua filha se entreolharam.
" O que o Sr. quis dizer com isso, Dr. Raul?" Indagou José Pires. Ele alisou os ralos cabelos grisalhos e falou olhando alternadamente para os dois, que esperavam com ansiedade a resposta.
"Prestem bem atenção nesta narrativa!"
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